Afinal, sexo é só penetração?

Quando pensamos em sexo, muitas vezes associamos a penetração como a principal maneira de obter prazer na relação. Porém, esse pensamento pode ser bastante limitador, especialmente para as mulheres, já que a ideia de que somente um pênis ereto possa proporcionar orgasmos vai contra diversas pesquisas e depoimentos de mulheres que dizem exatamente o contrário. Afinal, existem inúmeras maneiras de sentir prazer, por meio do estímulo em outras zonas erógenas, uma chance de conhecer mais o próprio corpo — e também do parceiro(a).

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Um estudo realizado pelo Departamento de Transtornos Sexuais Dolorosos Femininos da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 55% das mulheres brasileiras não atingem o orgasmo durante o sexo. Já outra pesquisa, feita pela instituição Prazerela, aponta que 74% das mulheres gozam ao se masturbarem, mas somente 36% alcançam o orgasmo com seus parceiros. O mesmo levantamento mostra também que apenas 43% das entrevistadas conversam abertamente sobre sexo com seus maridos, companheiros, namorados e ficantes.

Antes de tudo, é preciso explicar o contexto histórico e social no qual a penetração e a falta de atenção com o clítoris e o prazer feminino se encaixam. Ao longo da história, foi construída a narrativa de que o clitóris não possuía importância alguma: o médico Andreas Vesalius afirmou, durante o século XVI, que mulheres saudáveis não possuíam o órgão; já em 1486, o guia “Malleus Maleficarum” afirmava que possuir um clitóris caracterizava a mulher como “bruxa que merecia ser caçada”. Até mesmo Freud, em 1905, acreditava que o prazer do clitóris era obtido por meio de uma sexualidade imatura.

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Desta maneira, fica mais fácil compreender que a sociedade patriarcal ao longo dos séculos ajudou a construir a ideia da penetração como o principal foco da relação sexual. Atualmente, o sexo vem se desconstruindo e cada vez mais homens se sentem dispostos a entenderem como proporcionarem prazer para suas companheiras. Claro, como toda e qualquer desconstrução social, é algo que levará um bom tempo, mas já podemos reconhecer que as informações disseminadas sobre o prazer feminino e o autoconhecimento vêm fazendo a diferença nas últimas décadas.

Resumir o sexo somente a penetração faz com que esqueçamos que há um corpo inteiro a ser explorado, indo muito além dos órgãos sexuais: pés, dedos, seios, nuca, cabelo, orelha e uma infinidade de áreas que podem ser aproveitadas. De acordo com os ensinamentos tântricos, o corpo inteiro é um órgão sexual, sendo a pele o maior deles. Por isso, na hora do sexo, vale de tudo: lamber, cheirar, morder, toques sutis, toques mais intensos e outras maneiras de explorar o corpo com um todo.

O sexo oral também ocupa um lugar de destaque para chegar ao orgasmo, sendo um momento prazeroso para ambos desfrutarem um do outro com calma e também uma ótima maneira de descobrir novas formas de estimular o parceiro(a). Uma boa ideia é experimentar novas posições durante o sexo oral, além de estímulos como chocolate, gelo e outras novidades para surpreender na hora H.

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Recentemente, um estudo publicado na revista científica Archives of Sexual Behavior revelou a melhor maneira para as mulheres atingirem o orgasmo sem a necessidade de penetração: na pesquisa, realizada por meio da análise de 52 mil respostas em uma pesquisa online, foi relatado que 80% das mulheres heterossexuais e 91% das lésbicas afirmaram obter orgasmo quando há estimulação genital, beijo profundo e sexo oral, que acabaram ganhando dos cientistas o nome de “trio de ouro”.

Viu como existe sexo além da penetração? Transar fica muito mais gostoso quando existe diálogo e conhecimento sobre o próprio corpo. Por isso, converse com seu parceiro(a) e aproveitem para explorar novas possibilidades na cama — seus orgasmos agradecem!

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